Conceitos
Cada vez mais popular entre gays e a população LGBT em geral, a palavra gênero se tornou mais conhecida nos últimos anos no nosso país – ainda que isso não signifique que as pessoas saibam, de fato, sua origem ou todo o universo de significados ao redor da ideia de gênero.
Antes de mais nada, convém lembrar: gênero não diz respeito só à população LGBT ou a mulheres. Gênero ou estudos de gênero dizem respeito a todos os seres humanos – isso mesmo, é a humanidade que está em jogo quando falamos de gênero. Isso porque, ao se debruçar sobre as diferenças e desigualdades existentes entre homens e mulheres em inúmeras sociedades ao redor do mundo, percebemos que o conceito de gênero é uma ferramenta para se estudar ou se investigar a construção dessas diferenças e desigualdades como um resultado da atividade humana.
Ou seja: refletir sobre gênero e analisar sua construção social e cultural e as desigualdades decorrentes dessa construção significa, em primeiro lugar, reconhecer que não há nada de natural nisso. Tratam-se de interpretações culturais e sociais sobre o corpo humano e suas diferenças, construídas desde a infância e responsáveis por gerarem impactos concretos na trajetória das pessoas, assim como desigualdades estruturais em diversas sociedades.
No Brasil, como em muitos lugares do mundo, o gênero funciona de modo binário a partir da ideia de que só existem duas identidades possíveis e opostas: homens e mulheres, masculino e feminino. Décadas de luta dos movimentos feministas e LGBT, bem como toda a pesquisa produzida na área das ciências humanas, apontam para a existência de uma enorme variedade de expressões, experiências e identidades de gênero que escapam desta polaridade masculino/feminino. Para citar alguns exemplos, poderíamos pensar em drag queens ou drag kings (pessoas que costumam encarnar, para fins artísticos, expressões do gênero oposto ao que se identificam), bem como travestis e mulheres ou homens transexuais.
É importante ressaltar que gênero e sexualidade não são esferas completamente separadas. Os papéis e padrões de gênero atribuídos a homens e mulheres desde a infância estão totalmente ligados com o pressuposto de que existiria uma única sexualidade natural ou legítima, a heterossexualidade – o que no campo dos estudos de gênero se convencionou chamar de heteronormatividade.
Saiba mais!
Para se aprofundar sobre a relação entre feminismo e o surgimento dos estudos de gênero no Brasil, não deixe de ler:
CORREA, Mariza. Do feminismo aos estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal. Cad. Pagu, Campinas , n. 16, p. 13-30, 2001 . Clique aqui para acessar a fonte. Acessado em 14 Nov. 2017.
Para uma reflexão sobre pesquisas recentes nas áreas de sociologia e antropologia dedicadas à temática de diversidade de gênero e sexualidade:
SIMOES, Júlio Assis; CARRARA, Sérgio. O campo de estudos socioantropológicos sobre diversidade sexual e de gênero no Brasil: ensaio sobre sujeitos, temas e abordagens. Cad. Pagu, Campinas , n. 42, p. 75-98, jun. 2014 . Clique aqui para acessar a fonte. Acessado em 14 nov. 2017.