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Visibilidade e Identidade Trans

Entenda a luta pelo direito de existir e conheça três ativistas trans para você seguir

Nhaí! A gente segue na ocupação Canto Baobá, que traz conteúdos maravilhosos pra vocês. Bora falar de visibilidade trans para além das datas celebrativas?

Números pra você entender a importância dessa luta

O Brasil é o primeiro país no ranking de assassinatos à pessoas trans e travestis no mundo. E mesmo com essa assustadora notícia, os números são mascarados: há a dificuldade de contabilizar os dados. Segundo o Correio Braziliense, muitos boletins de ocorrência de homicídios são relatados como “homem vestido de mulher”, ou vice-versa. As mortes, entretanto, são a ponta de um iceberg regado à preconceitos, que vão desde a infância até a vida adulta em forma de violência psicológica, física e social.

A vulnerabilidade é um dos fatores que justificam as mortes, e está diretamente ligada a exclusão no mercado de trabalho, que faz com que cerca de 90% da população trans recorra a trabalhos ilegais e de risco, como a prostituição. E segundo o Correio Braziliense em reportagem publicada em 2016, “não há nenhuma companhia nacional entre as 28 participantes do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, iniciativa apoiada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)” que estimulem a contratação de pessoas trans.

Na saúde, a situação é pior: a falta de médicos especializados em pessoas trans e a falta de instituições especializadas são dois fatores que impedem um tratamento digno. Lembrando que, em 1997 a cirurgia de redesignação sexual era proibida no país e somente em 2008 o SUS passou a ofertar o processo transexualizador, onde o paciente têm acesso a hormonioterapia, cirurgia e atendimento psicoterapêutico. Porém, existem ambulatórios especializados em apenas 11 cidades no país. É por causa disso que muitas pessoas trans acabam colocando sua vida em risco, fazendo procedimentos clandestinos. 

Essas informações são poucas comparado ao número de dificuldade e barreiras que a comunidade trans enfrenta todos os dias para existir. O Canto Baobá apoia e defende a luta de transexuais e travestis.

Quem somos sem as nossas referências?

Hoje, fora do mês da visibilidade trans, a gente fala de representatividade e indicamos 3 pessoas incríveis para você se inspirar e consumir conteúdo. Vamos lá?

Erika Hilton é vereadora eleita da cidade de São Paulo. Negra e transvestigênere, foi a mulher mais bem votada em 2020 em todo o país, a mais votada do PSOL e é a primeira trans eleita para a Câmara Municipal paulistana, com mais de 50 mil votos. 

Mas antes de tudo isso, Erika foi expulsa de casa aos 14 anos ao se assumir transexual e para sobreviver, recorreu à prostituição. Mais tarde, ao se reconciliar com o ambiente familiar, passou em uma Universidade Federal e começou a volta aos estudos. Se formou em Pedagogia pela Universidade Federal de São Carlos, e lá, foi idealizadora de um cursinho pré vestibular destinado a pessoas trans. A atual Vereadora, em entrevista ao El País em Novembro de 2019 reafirma sua potência ao ser a primeira mulher trans e negra na Câmara: “Estou aqui para romper com essa miséria e normalizar a presença de nossos corpos nos espaços de poder. Que cada vez mais corpos pobres, negros, transviados e favelados cheguem aqui, para que este lugar tenha a cara do povo.”

Jonas Maria é escritor, youtuber e podcaster. Formado em Letras pela UFSJ, Jonas dialoga em suas redes (youtube, podcast e instagram) estudos sobre gênero, questões LGBTQIA+, Transgeneridade, análise de filmes e séries e até dicas culinárias (contém ironia, a não ser que você também é do time que não tempera a comida!). Sempre muito educativo e necessário, Jonas faz de suas redes sociais um grande dicionário e diário de sua vida em T. Vai desde progresso de barba à lives analisando transexualidade e memes!

Amara Moira nasceu em Campinas. É transexual, feminista, escritora e professora de literatura. Seu Doutorado em crítica literária foi defendido na Universidade Estadual de Campinas, sendo a primeira transexual a obter o título de doutora usando seu nome social. Amara é autora do livro “E se eu fosse puta”, seu retrato autobiográfico sobre sua transição e vida na prostituição. Amara, Erika e Jonas são colunistas pelo @midianinja