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#PraBrilhar na Informação: Notícias que importam, boletim #03

Nhaí, gente que brilha!

Como já é de costume, começo de mês é tempo de ler e compartilhar Notícias que Importam e informação de qualidade pra ficar por dentro dos debates relacionados ao HIV / Aids, ISTs e outros temas.

Vem cá ficar por dentro!

1. Programa PrEP na Rua em São Paulo 

A prevenção ao HIV tem que ir aonde o povo está!

Com este lema central, a Coordenadoria de ISTs e Aids da Cidade de São Paulo iniciou, em junho, o programa PrEP na Rua, que leva uma unidade móvel para pontos da cidade para oferecer a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV.

O lançamento do programa aconteceu no Minhocão, na região central da capital paulista, no dia 27 de junho. 

A PrEP consiste no uso constante de medicamentos antirretrovirais para evitar a infecção pelo HIV. Além de receberem informações e retirarem a PrEP, as pessoas da região também tiveram acesso ao teste rápido de HIV, ao autoteste de HIV e outros insumos de prevenção, como camisinhas e gel lubrificante.

Com estratégia montada respeitando todos os protocolos vigentes para segurança durante a pandemia de covid-19, o primeiro dia de ação atendeu 114 pessoas que iniciaram o uso da PrEP naquele domingo, foram realizados 240 testes rápidos de HIV, além de 1000 kits para autoteste de HIV distribuídos para quem visitou o local.

Assista o vídeo:

Acompanhe as redes da Coordenadoria de ISTs e Aids da Cidade de São Paulo para saber mais sobre a PrEP na Rua: Acesso o Facebook ou Instagram.

2. Respeito ao nome social

O ministro do STF Gilmar Mendes deu prazo de 30 dias para que a União altere sistemas de informação do SUS (Sistema Único de Saúde) que bloqueiam acesso a determinadas especialidades médicas à população trans e travesti. A decisão ainda vai ser discutida no plenário do tribunal.

O magistrado determina que o Ministério da Saúde “proceda a todas as alterações necessárias nos sistemas de informação do SUS, para que marcações de consultas e de exames de todas as especialidades médicas sejam realizadas independentemente do registro do sexo biológico”.

Para respeitar a decisão, o SUS deve tornar o sistema acessível para garantir que pessoas trans que alteraram o nome no registro civil para refletir sua identidade de gênero possam ter acesso a serviços de saúde usando seu nome social, principalmente quando necessitam de atendimento de especialidades médicas como urologia, proctologia e ginecologia. Gilmar Mendes pede que seja incluída a categoria “parturiente”, independente dos nomes dos genitores, para cadastros da obstetrícia.

3. O avanço dos casos de Sífilis

A Sífilis é a IST que mais vem avançando sobre a população brasileira nos últimos 10 anos. Alimentada pelo desconhecimento de profissionais da saúde e pela dificuldade na interpretação do diagnóstico, a doença segue se expandindo e se tornou a infecção sexualmente transmissível que mais infecta pessoas na última década.

De acordo com o Ministério da Saúde, o número de casos registrados da chamada sífilis adquirida passou de 3.925 em 2010 para 152.915 em 2019, principalmente na faixa etária entre 20 e 39 anos. As outras duas formas de contágio também aumentaram – em gestantes, passou de 10.070 para 61.127 e a congênita – transmitida da pessoa grávida para o feto, passou de 2.313 para 6.354 nesses 10 anos.

O número de casos registrados de IST, vistas em conjunto, aumentou 64,9% na faixa etária de 15 a 19 anos e 74,8% na de 20 a 24 anos, de 2009 a 2019, de acordo com o Ministério. Uma infecção pode abrir caminho para outra, e por isso adotar estratégias de prevenção – que passa por conscientização, educação sexual e acesso a insumos de prevenção e testagem – pode ser a única ação efetiva para conter esse avanço. Leia mais aqui: https://bit.ly/3kd19oC 

4. Manifesto viral de Contágio

“Falar sobre hiv não é falar apenas sobre um vírus, é falar “eu não escolhi esperar”, é também falar sobre a ideia criada sobre esse vírus, é falar sobre as diversidades vividas com hiv, suas pluralidades e singularidades, é falar sobre estigma, imaginários sociais infectados, sorofobia, racismo, lgbtfobia, xenofobia, machismo, falta de acesso a informação, desigualdade social e tantas outras infecções sociais que são os vírus mais letais que existem na sociedade, tão violentos que matam corpos específicos. Porque não dá para generalizar as vivências. E, não apenas: não dá para dicotomizar as violências sofridas. É na interseccionalidade, no meandro, no encontro, nas dobras, nas quinas, esquinas, travessas, encruzilhadas, na imbricação, nos nós, que conseguiremos algumas pistas virais para tratar e curar estas infecções sociais viróticas.

Eu não escolhi esperar. Eu escolhi me informar. 

Quando analisamos os dados dos últimos Boletins Epidemiológicos de HIV/Aids na Cidade de São Paulo, percebemos que a Taxa de Detecção de HIV (TD) quando analisada raça/cor autorreferida, é maior entre pessoas pretas desde 2010, tanto no sexo masculino como no feminino. Enquanto que a TD em 2019 é de 19,4 entre pessoas brancas, entre pessoas negras, sendo de 64,1 pretas e e 35,9 pardas, respectivamente. A forma de transmissão do HIV, em 2019, continuou sendo majoritariamente por via sexual (88,9%).

Também observou-se que por ser uma informação autorreferida, algumas pessoas se identificam como indígenas, como pessoas de outros países na América Latina). Percebe-se um aumento gradual de casos notificados em populações indígenas desde 2011.

Além disso, estima-se que cerca de 135 mil pessoas ( no Brasil) vivam com HIV e não sabem, pois não acessam os serviços de testagem gratuitos do SUS. Em São Paulo, 80,7% das pessoas que vivem com HIV entrevistadas para o Índice de Estigma relatam dificuldade para contar às pessoas sobre seu diagnóstico (Unaids). 

Cerca de 23% das pessoas que vivem com HIV não acessam ou não aderem a terapia antirretroviral. A aids ainda mata e mata corpos específicos. Diante disso:

Nós não escolhemos esperar e não vamos esperar que o PL 813 do vereador Rinaldi Digilio (PSL) seja aprovado. Não vamos esperar nem permitir que justificativas simplistas e totalitaristas possam servir de argumentos para projetos de lei ou impedimentos que visam silenciar diálogos urgentes. Nós não escolhemos esperar e vamos reivindicar cada vez mais a urgência de dialogar sobre educação sexual nas escolas.”

Este texto foi apresentado por Ará Silva, educomunicador do projeto Pra Brilhar, durante a sessão de Audiência Pública “Políticas de HIV Aids de São Paulo”, promovida pela Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de São Paulo, no dia 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, de forma virtual. A audiência, presidida e mediada pela vereadora Erika Hilton, contou com a participação de membros de grupos e organizações sociais que atuam em diversas frentes de conscientização e apoio à populações-chave da epidemia de HIV/Aids e outras ISTs no município.

Leia o texto completo aqui: https://prabrilhar.org/manifesto-viral-de-contagio/ 

5. Nota do Movimento Paulistano de Luta Contra Aids sobre o PL 813 2019

O Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra Aids), vem por meio desta nota, se posicionar contrário ao projeto de lei Escolhi Esperar (PL 813/2019), do vereador Rinaldi Digilio (PSL). A proposta prevê a abstinência sexual de adolescentes como método contraceptivo para evitar gravidez na adolescência.

Este projeto é um grande retrocesso para os direitos das mulheres e para os programas de educação sexual de adolescentes. Somos a favor da prevenção da gravidez na adolescência, mas abstinência sexual não é a solução. Diferentes pesquisas já comprovaram que propostas como essa ao invés de prevenir a gravidez, amplia o número de meninas grávidas.

Dizer que os adolescentes precisam parar de transar é fechar os olhos para o problema, é negligenciar todo abuso e falta de informação que muitos adolescentes ainda sofrem atualmente.

É importante destacar que o Mopaids é favor da educação sexual porque fazer sexo sem orientação não leva apenas à gravidez precoce. Outro problema é a maior exposição a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Por isso, ter discussões sobre saúde sexual em sala de aula permite que crianças e adolescentes aprendam a reconhecer assédios e abusos e métodos contraceptivos. Se privados desse diálogo, os perigos relacionados ao sexo não seguro aumentam.

Leia a nota na íntegra: https://prabrilhar.org/nota-do-movimento-paulistano-de-luta-contra-aids-pl-813-2019/ 

Este boletim foi escrito com informações da Coordenadoria de ISTs e Aids da cidade de São Paulo, Agência Aids, Câmara Municipal de São Paulo, Coletivo Contágio, Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids e Agência Fapesp.