Por Ará Silva (Coletivo Contágio)

Este texto foi apresentado durante a sessão de Audiência Pública “Políticas de HIV Aids de São Paulo”, promovida pela Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de São Paulo, no dia 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, de forma virtual.

A audiência, presidida e mediada pela vereadora Erika Hilton, contou com a participação de membros de grupos e organizações sociais que atuam em diversas frentes de conscientização e apoio à populações chave da epidemia de HIV/Aids e outras ISTs no município.

Assista a íntegra da audiência:

Leia o texto do manifesto apresentado por Ará Silva na íntegra

Boa tarde a todas, todes e todos.

Sou Ará Silva, tenho 32 anos, sou uma bixa potiguar, migrante, vivendo com hiv em São Paulo há quase quatro anos, sou graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mestre em Estudos da Mídia, também pela UFRN, artista integrante e fundador do Coletivo Contágio, formado por artistas vivendo com HIV, integrando junto comigo Leandro Noronha e Rodrigo Silbat, Educomunicador do Projeto “É Pra Brilhar” da Viração Educomunicação em parceria com a Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo, Coordenador do projeto “Combinado Coletivo”, da Viração Educomunicação em parceria com a UNESCO, ambos voltados para o diálogo com adolescentes e jovens lgbtia+ sobre hiv/aids e Prevenção Combinada, Ativista do Movimento HIVAids de São Paulo e Pesquisador nas áreas dos estudos de gêneros, sexualidades e hiv/aids, numa interseccionalidade entre arte, saúde e estudos sociais.

Agradeço imensamente o convite para compor esta sessão, um espaço tão importante e um tema tão urgente para dialogarmos e construirmos táticas polinizadoras de hackeamento do sistema. Agradeço especialmente a vereadora Erika Hilton por estar propondo esta audiência e levantando pautas de interesse social não apenas para a comunidade LGBTIA+ como para a construção de uma sociedade que respeite as diversidades.

Eu não escolhi esperar. Eu escolhi me informar. Eu recebi um desafio – muitos, na verdade, durante a vida – para representar um grupo de pessoas que vivem com o mesmo vírus que eu vivo, o hiv. Assim como vocês, nossas e nossos representantes políticos são chamadas e chamados por nós para exercer seus cargos a serviço do povo, eu fui chamado aqui nesta audiência para representar uma população. 

As palavras que aqui serão espalhadas feito cupim ou um vírus que contaminam suas ideias, parafraseando Linn da Quebrada, são parte de uma escrita friccional de uma bixa potiguar que vive com hiv em são paulo.

Talvez este emaranhado de palavras que será bordado por esta voz não seja meramente didático, pois acredito que os dados da aids vocês sabem de cabo a rabo – caso não, darei algumas doses homeopáticas para que vocês possam ser contagiadas e contagiados com o desejo (que dizem ser profano) de saber mais! Elas também podem parecer meramente ilustrativas, mas garanto que se prestarem atenção, irão entender o que tento dizer. Por isso, preciso avisar também que:

Este Manifesto Viral de Contágio pode lhe causar efeitos colaterais como: perturbação do intelecto e psíquica, o que pode ocasionar alucinações vontade de gritar, vibrações egóicas, fissuras ideológicas e atravessamentos existenciais que podem ser prevenidos e curados com o exercício desafiador da escuta e da abertura dos poros sensoriais, que vão liberar em seu corpo toxinas afetivas de envolvimento com o estranho familiar.

Falar sobre hiv não é falar apenas sobre um vírus, é falar “eu não escolhi esperar”, é também falar sobre a ideia criada sobre esse vírus, é falar sobre as diversidades vividas com hiv, suas pluralidades e singularidades, é falar sobre estigma, imaginários sociais infectados, sorofobia, racismo, lgbtfobia, xenofobia, machismo, falta de acesso a informação, desigualdade social e tantas outras infecções sociais que são os vírus mais letais que existem na sociedade, tão violentos que matam corpos específicos. Porque não dá para generalizar as vivências. E, não apenas: não dá para dicotomizar as violências sofridas. É na interseccionalidade, no meandro, no encontro, nas dobras, nas quinas, esquinas, travessas, encruzilhadas, na imbricação, nos nós, que conseguiremos algumas pistas virais para tratar e curar estas infecções sociais viróticas.

Quando eu nasci, já era normatizado o estigma de que “gay morre de aids”. Era 1988, ano em que cerca de 4.500 pessoas viviam com HIV no Brasil, quando foi registrado o primeiro caso de aids em uma pessoa indígena, a OMS instituiu o Dia Mundial da AIDS com o tema: “Junte-se ao esforço mundial”, foi criado o SUS, morre o cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil, aos 43 anos, em decorrência da aids. Hoje, em 2021, cerca de 920 mil pessoas vivem com hiv no Brasil.

Quando analisamos os dados dos últimos Boletins Epidemiológicos de HIV/Aids na Cidade de São Paulo, percebemos que a Taxa de Detecção de HIV (TD) quando analisada raça/cor autorreferida, é maior entre pessoas pretas desde 2010, tanto no sexo masculino como no feminino. Enquanto que a TD em 2019 é de 19,4 entre pessoas brancas, entre pessoas negras, sendo de 64,1 pretas e e 35,9 pardas, respectivamente. A forma de transmissão do HIV, em 2019, continuou sendo majoritariamente por via sexual (88,9%).

No sexo masculino, a maior proporção do número de casos de HIV encontra-se em HSH (70,9%) e em heterossexuais (18,5%). No entanto, as pessoas indígenas apresentaram uma TD de HIV de 165,8 em 2019, com 17 casos notificados de HIV – representando um aumento em relação ao ano anterior (2018), quando a TD foi de 109,8. ( Deve-se observar que, devido a um número pequeno de notificações nessa população, todo aumento numérico que se observe, acarreta um grande aumento na TD. Assim, Tivemos 7 casos notificados na população indígena em 2010 e 17 em 2019 com variações em todo o período. Também observou-se que por ser uma informação autorreferida, algumas pessoas se identificam como indígenas, como pessoas de outros países na América Latina). Percebe-se um aumento gradual de casos notificados em populações indígenas desde 2011.

Além disso, estima-se que cerca de 135 mil pessoas ( no Brasil) vivam com HIV e não sabem, pois não acessam os serviços de testagem gratuitos do SUSEm São Paulo, 80,7% das pessoas que vivem com HIV entrevistadas para o Índice de Estigma relatam dificuldade para contar às pessoas sobre seu diagnóstico (Unaids). Este número encontra-se em pesquisa da UNAIDS que pode ser acessada aqui.

Cerca de 23% das pessoas que vivem com HIV não acessam ou não aderem a terapia antirretroviral. A aids ainda mata e mata corpos específicos. Diante disso:

Nós não escolhemos esperar e não vamos esperar que o PL 813 do vereador Rinaldi Digilio (PSL) seja aprovado. Não vamos esperar nem permitir que justificativas simplistas e totalitaristas possam servir de argumentos para projetos de lei ou impedimentos que visam silenciar diálogos urgentes. Nós não escolhemos esperar e vamos reivindicar cada vez mais a urgência de dialogar sobre educação sexual nas escolas.

Não se previne o sexo nem o exercício das sexualidades, nem se previne a gravidez entre adolescentes, o HIV e as ISTs com politicas de abstinência sexual. É preciso prevenir com informação e tendo em perspectiva a realidade em que vivemos, em que jovens exploram cada vez mais cedo seus corpos, desejos e sexualidades, que somos um país laico e é inconstitucional promover os interesses de uma entidade religiosa como política pública.

Nós não escolhemos esperar porque as pesquisas já mostram que é com políticas públicas de educação sexual em unidades de saúde e no sistema escolar que promovemos os direitos sexuais e reprodutivos de adolescentes e jovens através da conscientização.

Exemplos práticos dessa perspectiva são os projetos executados em parceria com a Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo, como o Pra Brilhar, do qual sou Educomunicador e que já promoveu a formação continuada em Prevenção Combinada ao HIV/Aids e outras ISTs em sete turmas, alcançando diretamente cerca de 200 jovens LGBTIA+, prioritariamente pretas e pretos e residentes das zonas Sul e Centro de São Paulo, dialogando sobre as tecnologias de Prevenção Combinada numa perspectiva educomunicacional e da educação entre pares, produzindo materiais educomunicativos como cartazes, cartilhas, vídeos, intervenções artísticas para compartilhar as informações com outras juventudes, trabalho que vossas excelências podem conferir em prabrilhar.org. O Combinado Coletivo, do qual sou Coordenador, em parceria com a UNESCO e DCCI, vem promovendo a formação continuada de adolescentes e jovens LGBTIA+ de São Paulo em Prevenção Combinada, também na perspectiva educomunicacional e educação entre pares.

Nesse espaço vazio que me foi dado já preenchido ao nascer, escolhi reescrever a história em mim. Foi com acesso ao direito à educação que pude reescrever minha narrativa e recriar sobre mim, num processo partilhado para contagiar outras pessoas com outras possibilidades de viver e criar sobre si. Foi por meio da educação pública que pude acessar pontes de atravessamento que me levaram e ainda me levam a percorrer caminhos que a mim jamais foram oferecidos.

Políticas públicas que promovam ações junto sociedade civil são emergências que não podem ser desmontadas e desaparelhadas, como já vem tentando o Governo Federal, quando em 2018, por meio de um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, pelo ministro da Economia Paulo Guedes e pelo então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o nome do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais foi alterado para Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, rebaixando a área de HIV/Aids a uma coordenação.

Nunca esqueçamos que as ameaças sobre pessoas que vivem com hiv vem sendo alimentadas há tempos, “quando Bolsonaro nunca escondeu uma visão preconceituosa sobre pessoas vivendo com HIV. Em entrevista ao programa Custe o Que Custar (CQC), em 2010, Bolsonaro declarou que a infecção é problema de quem vive com a doença. “A pessoa não pode ficar aí na vida mundana e depois querer cobrar do poder público um tratamento que é caro nessa área aí. Se não se cuidou, o problema é dele”, afirmou. Na prática, as políticas de enfrentamento da doença passam a ser elaboradas conjuntamente e dividindo recursos com ações contra a Tuberculose e a Hanseníase. A medida foi oficializada pelo Decreto 9.795, de 17 de Maio de 2019.” (rede brasil atual).

Não esqueçamos que, apesar da existência recente das tecnologias de prevenção ao HIV como a PrEP e a PEP, em São Paulo, ainda há uma fila de espera de cerca de seis meses até o início da PrEP, o que ocasiona casos de reincidência ao HIV principalmente entre as pessoas em espera – em sua maioria, jovens.

Além disso, o Painel PrEP mostra que mais de 60% de usuários de PrEP na cidade são pessoas brancas e menos de 40% são pessoas pretas e indígenas. Precisamos ampliar as políticas de Prevenção Combinada para que elas alcancem as populações mais vulnerabilizadas, como adolescentes e jovens periféricos, pessoas pretas, pardas e indígenas, pessoas trans, profissionais do sexo, e que essas políticas estejam comprometidas com as perspectivas da equidade racial, de gênero e social.

Nós somos um organismo complexo, um emaranhado de informações que se cruzam, refazem rotas. entre a flecha e o alvo, no meandro é revelado de que nada adianta saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada.

Até quando vão pesar sobre nós suas ignorâncias? Até quando vamos morrer por suas falhas? Até quando vão querer regular e controlar nossas corpas, nossos corpos e existências? Até quando vão confundir poder com autoridade? Até quando vão querer nos matar?

Como Jota Mombaça diz no título de seu novo livro: Não vão nos matar agora. Apesar de já estarem nos matando, não permitiremos isso! E reagiremos! Criaremos os venenos e antídotos necessários para causar reações adversas em suas ideologias fracassadas e genocidas. Não vão nos matar agora, pois vamos nos espalhar feito praga, feito vírus, pra perturbar vocês. E não negative isso. Isto não é uma ameaça, é um aviso de que somos irreversíveis. Não vão nos matar agora porque temos sede de vida e lateja em mim o desejo de gozar a vida. Vamos continuar desobedientes frente às normas que tentam nos aniquilar.

Ocuparemos as ruas, as escolas, as universidades, os palcos, ocuparemos o seu lugar. Ocuparemos e já estamos ocupando o seu lugar, e vamos fissurar o sistema cada vez mais para cada vez mais a sua perturbação lhe mostrar que o problema é você, não sou eu – e sou, porque ao mostrar que o problema é você, seu ego não aceita a condição de besta que tentaram atribuir a nós, as bixas, as travestis, as e os trans, bis, lésbicas, intersex e tantas outras diversidades, sou seu problema porque frente a você sou um espelho que reflete a sua face mais podre e pobre.

Não vamos mais permitir que a confusão de vocês nos confunda. A confusão de vocês confundiu a gente por muito tempo – ou vocês acham que a gente caiu no papinho de vocês. Mas não, excelentíssimos, nós não caímos na sua lábia, muito pelo contrário. Vocês são tão seduzidos por nós que é difícil pra vocês admitir que a língua saliva quando estamos por perto, porque a gente tem a coragem suficiente pra bancar o que a gente quer viver, as ficções que queremos criar pra nós, pra desobedecer a norma punitivista e culpabilizante, imobilizante.

Não, excelentíssimos, nós estamos em movimento e estamos por toda parte, sempre estivemos, e sempre estaremos para todo o sempre – e, aqui estamos, ocupando o mesmo lugar de vocês que, mais uma vez querem ditar a nós o ritmo de nossas próprias existências. Não posso pedir desculpas por estar tempos a frente de sua ‘metalidade’, pois eu gosto de sentir essa sensação, de saber que seus pensamentos sobre corpos e corpas desobedientes de gênero e dissidentes sexuais, corpas e corpos que vivem com hiv, são tão ultrapassados e exalam cheiro de retrocesso, e nos tornamos a sua confusão porque somos a contradição da métrica das suas lógicas de morte, que eu posso sentir meu corpo vibrar uma sintonia de contágio. E, nesse contágio, fortaleço cada vez mais minhas redes de afeto e cuidado e proteção e produção. 

É preciso, cada vez mais, criar e alimentar nossas redes de apoio que percorram juntas na reescrita de nossas narrativas friccionais. Assim como todo organismo vivo, entranhado de movimentos circulares e contagiantes, fissuramos os esquemas para nos manter vivas enquanto o cistema promove políticas de morte e apagamentos.

Celebremos nossas vidas e nossas conquistas sim, sem perder do horizonte o que nos é de direito para assim não criarmos e não cairmos nas armadilhas das ficções de poder que não contemplem nem representem nossas existências, pois só assim será quando ocuparmos todos os espaços e repararmos todas as vidas violadas e apagadas cultural e historicamente. Que a gente nunca esqueça das que por aqui já passaram e os caminhos que abriram, e reconheçamos sempre as e os que aqui estão continuando as caminhadas e reescrevendo a história com suas próprias mãos e seus corpos e suas corpas vibráteis, regozijando vida, apesar de tudo.

Apesar de tudo e sobretudo a vida. A vida, acima de tudo. A vida!

É preciso promover cada vez mais o acesso às informações, fortalecer as políticas públicas do SUS que são referências mundiais, como a Prevenção Combinada e o Tratamento do HIV e das ISTs, é preciso mais investimentos para educação, para execução de projetos que visam dialogar com populações mais vulnerabilizadas, como adolescentes, jovens, pessoas lgbtia+, pessoas pretas e indígenas, sobre gêneros, sexualidades, saúde, autocuidado, direitos sexuais e reprodutivos, para que possamos construir redes fortalecidas e engajadas com o compromisso da responsabilidade, deixando de lado as ideologias religiosas e as ficções ideológicas partidárias, pois não temos tempo para esperar!

Não podemos perder do horizonte que viver com hiv no século XXI não é tão simplista quanto dizem: não é só tomar remédio diariamente e estar indetectável a serviço da higienização política opressora dos corpos e das corpas vivendo com hiv. Não nos deixemos cair em tentação de acreditar fielmente nas ficções confusas criadas pelos poderes públicos para privilegiar alguns.

Ser inteligente é muito raso e muito simples. Basta acessar dados e esquematizá-los mentalmente para conseguir decodificá-los em articulações que contagiem. Nós não somos apenas inteligentes, nós somos muitos mais que isso, porque enquanto pensam sobre nós e, por vezes até querem pensar por nós, nós estamos fazendo a coisa acontecer, vivendo e fissurando os esquemas que ainda estão tentando organizar em dados falhos e desatualizados frente a rapidez que é viver.

Nós não temos tempo para esperar e aqui regozijo várias pistas virais e espero que elas infectem vocês. Para que vocês possam perceber os vírus que vocês dão vida para nos matar.

Não vão nós matar agora porque aqui manifestamos que não vamos permitir que nenhum direito seja forjado de nós, vamos reivindicar as atualizações dos sistemas políticos de hiv/aids para que os avanços não cessem e nem se desenvolvam, mas envolvam todas as pessoas vivendo com hiv e todas que convivem com hiv, todas as pessoas que exercem seus direitos de experimentar seus corpos e suas corpas e suas sexualidades e sexos, todas, todes e todos que desejam alimentar o impulso vibrátil e latejante que é a energia da troca, do bordado do suor na pele.

Meu clamor é inegociável. Nosso clamor é inegociável. Não temos tempo. Eu não escolhi esperar, nós não escolhemos esperar. Queremos a cura! E não só a cura da aids. Queremos curar os imaginários coletivos criados por vocês para sentenciar nossos corpos a morte e ao isolamento social compulsório. Nossa desobediência é nossa glória. Nós não escolhemos esperar. Nós vamos viver cada vez mais a nossa sexualidade e os nossos desejos que foram profanados por vocês como pecaminosos. Não escolhemos esperar e não permitimos que vocês escolham por nós nem por ninguém. Vamos continuar causando incômodo porque somos o que vocês não conseguem prevenir.

A vida pulsa e lateja, dentro e fora de mim. A vida me chama pra viver com ela. Nós não escolhemos esperar. Não podemos esperar. O tempo é agora. Viver é uma urgência.

Imagem de KFrei por Pixabay