A Bissexualidade ainda é vista por uma parcela da população LGBTQIA+ como uma fase, e para uma parcela dos heterossexuais como um experimento. Porém, ela é uma orientação sexual definida e merece ser respeitada como tal!

Brenda Howard. Se você nunca ouviu falar desse nome, vamos contextualizar um pouco para você: Brenda foi conhecida como “A mãe do Orgulho”. Ativista bissexual, foi peça chave para que a primeira Parada do Orgulho dos Estados Unidos e o Mês do Orgulho acontecessem. Uma mulher bissexual. 

E junto com Marsha P. Johnson, Mulher Transsexual que começou a Rebelião de Stonewall, são invisibilidadas pela própria comunidade LGBTQIA+. Quase não se falam sobre elas, assim como quase não se falam das pautas sobre transexualidade e bissexualidade. 

A bissexualidade é, muitas vezes, utilizada como uma “transição” de Orientação Sexual. Além de se ter uma visão totalmente errônea de binariedade (pois a Bissexualidade reconhece e não exclui outras formas de gênero), ser bi parece ser uma etapa: não uma orientação sexual definida, com manifesto, representatividade e história.

Vocês conhecem o Manifesto Bissexual? Ele foi publicado em 1990 na revista com sede em San Francisco chamada “Anything That Moves”. Nele, há pontos muito importantes a serem debatidos. Hoje iremos falar sobre porque não podemos considerar a Bissexualidade como binarista:

“Bissexualidade é um todo, identidade fluída. Não assuma que a bissexualidade é naturalmente binária ou poligâmica: que nós temos “dois” lados ou que nós precisamos estar envolvidos simultaneamente com dois gêneros para sermos seres humanos completos. De fato, não assuma que existem apenas dois gêneros. Não interprete nossa fluidez como confusão, irresponsabilidade, ou inabilidade de assumir compromisso. Não equipare promiscuidade, infidelidade, ou comportamento sexual inseguro com bissexualidade. Esses são comportamentos humanos que atravessam todas as orientações sexuais. Nada deve ser presumido sobre a sexualidade de ninguém, incluindo a sua.”

Pessoas bissexuais são lidas como indecisas. Vistas como um fetiche se o assunto é um menage. Lidas como em cima do muro, que logo vai se descobrir lésbica ou gay. Mas os bissexuais existem.

Esse texto é escrito por uma. Que sente a necessidade de falar demais. Que sente que se não batermos o pé para a nossa comunidade (e fora dela), acabamos engolides, mais uma vez, pela bifobia. Precisamos fortalecer a nossa comunidade, para que todes us bissexuais que ainda permanecem no armário saibam que está tudo bem. Tem gente aqui lutando por vocês.

Vocês não estão sozinhes. Vocês não são indecises. Vocês têm o direito de amar quem quiserem. Vocês não precisam provar para ninguém quem são ou deixam de ser. Vocês irão conseguir, no meio desse caos que é o viver, cheio de opressões em cima de questões raciais e de gênero, como sobreviver.

Que possamos cada dia mais mostrarmos que o B, de uma vez por todas, existe. E que não é promíscuo, que não é uma fase, que não é uma brincadeira. 

Orientação sexual não se escolhe. Viva sua existência com orgulho!