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8 de Março – Dia Internacional das Mulheridades

O que essa data pode expressar? Neste 8M, convidamos você a uma reflexão sobre o termo “mulheridades”, em nome de um feminismo que contemple toda a diversidade do “ser mulher”.

Por André Araújo e Monise Berno, da equipe do Pra Brilhar

Você sabia?

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi comemorado em 1908, nos EUA, com a participação de mais de 1500 mulheres em  manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No Brasil, a partir do séc. 20, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida.

Por um 8M de mulheridades

“Ninguém nasce mulher; torna-se mulher”

Simone de Beauvoir

Mulher é toda pessoa que se torna mulher – isso deveria bastar para termos respeito e dignidade. 

Todos os dias, mulheres do mundo inteiro convivem com toda a sorte de “obrigações” e assédios ligados ao seu gênero, impostas por essa sociedade que as desvaloriza, violenta, assedia, intimida, pressiona, silencia, que ofende, que mata tudo o que é diverso, que apaga tudo o que não agrada o modelo branco, moralista e patriarcal de mulher. Nenhuma está realmente segura. 

É impossível criar uma sociedade mais justa num cenário de violência física e psicológica contra mulheres: mulher trans, mulher lésbica, mulher bi, mulher preta, mulher gorda, mulher pobre: não se nasce mulher, torna-se mulher.

E é no tornar-se mulher que cada uma de nós encontra força pra lutar, pra subverter a ordem.

Um feminismo que exclui mulheres racializadas, mulheres trans, mulheres lésbicas, bissexuais, não binárias e mulheres que não alcançam o falido empoderamento por vias de consumo não pode ser chamado de feminismo. As lutas identitárias se entrelaçam com as lutas estruturais contra o capitalismo neoliberal, contra a LGBTfobia, a transfobia e o racismo.

É hora de desconstruir. Por isso, neste 8M, convidamos você a uma reflexão sobre o termo “mulheridades”, em nome de um feminismo que contemple toda a diversidade do “ser mulher”.

De acordo com a política queer, a mulheridade é simplesmente a performance do papel de gênero feminino.

O Movimento Transfeminista, termo inicialmente criado por Emi Koyama, vêm mostrando suas potências enquanto corrente feminista interseccional e destacando suas similaridades com o Movimento Feminista, buscando liberdade das mulheridades frente aos tradicionais papeis sociais de gênero.

Para celebrar as mulheridades nesse 8M, vem conferir a nossa lista babadeira de 8 mulheres que promovem transformações em nossa sociedade pra você conhecer e seguir:

1. Erika Hilton

Ela, ela mesma! “A primeira vereadora trans e negra eleita de São Paulo. A Mulher mais votada da cidade e de todo o Brasil em 2020, com 50.508 votos, pelo PSOL”, vem abalando as estruturas da Câmara Municipal com toda sua equipe babadeira.

Em sua campanha, a mana criou o manifesto chamado “Gente é Pra Brilhar” (a gente ama essa coincidência!), com apoio e participação de mais de 5 mil pessoas.

Essa gata está com as nossas na luta pelos direitos da população negra e TLGB, sem falar que ela já foi codeputada estadual de São Paulo, em mandato coletivo da Bancada Ativista-PSOL encabeçado por Mônica Seixas. Cola nela que dá boom!

2. Erica Malunguinho

Nascida e criada no Recife (PE), a educadora, artista, ativista, Mestra em Estética e História da Arte pela USP e política, foi a primeira mulher trans negra do mundo a se tornar parlamentar.

A primeira deputada estadual trans de São Paulo foi eleita em 2018 com mais de 54 mil votos e vem causando transformações na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

A gata aqui criou a Aparelha Luzia, em 2016, um centro cultural, um quilombo urbano, espaço babado que fomenta e fortalece as produções da população negra, promovendo festas, cursos, formações, debates e o que mais for de direito, sendo o espaço mais influentes e importantes do Brasil – tá, querida? 

Saiba mais sobre a Mandata Quilombo e siga a deputada nas redes sociais >>> Facebook | Instagram | Twitter

3. Linn da Quebrada

Nascida em São Paulo, ela é a nova Eva, multiartista, atroz, cantora e compositora de vários hits, com os álbuns Pajubá (2017), Pajubá Remix I (2019) e Pajubá Remix II (2020). Atua como ativista pelos direitos civis da população TLGB e da população negra.

Linn vem rompendo paradigmas e fissurando os espaços midiáticos brasileiros, atuando em emissoras como a Globo, em Segunda Chamada (2019), e Canal Brasil, com o programa Transmissão (ao lado de Jup do Bairro – outra gata babadeira, querida. Cata O CORRE dela!).

Em suas canções, Linn traz impressa as marcas de sua trajetória transformadora, como “um pensamento cupim ou um vírus que contamina suas ideias” (“quem soul eu” – 2021), criando sobre sua própria existência, promove a arte como ferramenta de transformações sociais, “tensionando o presente para elaborar novas ideias de futuro”. Porque não basta ser Linnda, tem que ser LinndaQuebrada bb!

4. Renata Carvalho

A atriz, diretora, dramaturga e transpóloga santista (SP) atua nas artes da cena desde 1996, quando iniciou sua carreira em Santos, litoral paulista. De lá pra cá, a gata vem causando vários babados e promovendo reflexões sobre sociedades transfóbicas e pela inclusão de corpos travestis/trans nas artes.

Ela é Fundadora (tá, querida!) do Monart (Movimento Nacional de Artistas Trans), do “Manifesto Representatividade Trans” (que visa a inclusão de corpos travestis/trans nos espaços de criação de arte) e do Coletivo T, coletivo artístico formado por artistas trans ( travestis, mulheres e homens trans e pessoas trans não binárias).

Seu nome saiu em jornais nacionais e internacionais, foi vítima de várias fake news, quando estreou o espetáculo “O evangelho segundo Jesus, Rainha do céu”; (2016).

Perseguida, agredida e censurada, a gata não deita, querida, e continua atuando em espetáculos teatrais, como (2020) “Corpo sua autobiografia”; (2019) “Manifesto Transpofágico”; (2018) “Domínio Público”; (2016) “ZONA!”; (2013) “Projeto Bispo”; (2012) “Dentro de mim mora outra”; (2009) “Nossa vida como ela é” cinema, com o filme “Vento Seco” (2020), com direção de Daniel Nolasco, e na defesa dos direitos da população travesti e trans.

5. Carolina Iara de Oliveira

A primeira parlamentar intersexo do Brasil, querida! CoVereadora da Bancada Feminista do PSOL, travesti, positHIVa & negra, a gata aqui é pesquisadora, feminista socialista, ativista dos movimentos sociais na área da saúde e dos direitos humanos, mestranda em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC, integrante ‘da coletiva’ Loka de Efavirenz, da Rede de Jovens+ de São Paulo e da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+). A força da voz de Iara vai encantar seus pensamentos tortos e te desviar para a transformação, bb!

6. Xan Marçal

Nascida Amazonia Paraura, em Belém do Pará e residindo em Salvador há mais de 10 anos, a atriz, Arte Educadora, cineasta e Artivista do HIV/Aids, integra o Coletivo Das Liliths – BA e o NuCuS-UFBA –  Núcleo de Pesquisa e Extensão em Cultura e Sexualidade, da Universidade Federal da Bahia, estuda gênero e sexualidade com recorte para a existência de corpos LGBTQI+Trans.

No final de 2020,  estreou o filme “Iauaraete” na 14ª edição do For Rainbow, com direção sua e produção do Coletivo Das Liliths. Uma deusa feiticeira com suas magias por onde passa, causa verdadeiras transformações!

7. Maria Clara Araújo

Recifense, a gata é uma das pedagogas mais babadeiras desse país. Ao ingressar na Universidade Federal de Pernambuco, tornou-se da luta pelos direitos de travestis e transexuais nos ambientes educacionais.

Hoje, a mana aqui se formou pela PUC-SP e está cursando Especialización y Curso Internacional en Estudios Afrolatinoamericanos y Caribeños pelo Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO) e pela Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO Brasil).

Também está cursando o Certificado en Estudios Afrolatinoamericanos do Instituto de Investigaciones Afrolatinoamericanas de la Universidad de Harvard. Tem abordado temáticas como movimentos sociais latino-americanos, currículo e decolonialidade. Integrante do NIP: Núcleo Inanna de Pesquisa e Investigação de Teorias de Gênero, Sexualidades e Diferenças. Tá bom, querida?!

8. Jaqueline Gomes de Jesus


Você já sabe o poder que tem uma travesti? Cata só a maravilhosa professora pós-doutora (entendeu?!) Jaqueline Gomes de Jesus dando seu nome no universo acadêmico.  A gata é Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB), Pós-Doutora em História pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atua como professora de psicologia no IFRJ e de História na UFRRJ.

É autora e organizadora de diversos artigos conceituados e livros (ela já ganhou um Jabuti – o prêmio, entendeu?), como “Orientações sobre Identidade de Gênero” (2012), “Transfeminismo: Teorias e Práticas” (2014) “A Praça dos Urubus que se Beijam” (2015) e “Eu não sou uma mulher? e outros discursos de Sojourner Truth” (2019).

A mana também tem participação ativa nas políticas públicas da população TLGB, foi candidata a Deputada Estadual pelo PT nas eleições de 2018, no Rio de Janeiro e atua constantemente na defesa dos direitos de travestis e transexuais, além de produzir conteúdos e encontros importantes em suas redes sociais. A revolução é travesti!